As Desgraçadas - a peça

Uma babá, uma faxineira e uma mãe de família.
Todas sob o teto de uma casa prestes a desabar. 
O colapso das relações de amor, admiração, inveja e rancor 
marcarão o destino dessas três mulheres. 





SINOPSE
Graça é uma babá tão devota ao trabalho que chega ao extremo de confundir-se com a própria patroa, D. Carmen, uma mãe de família que acaba de ser abandonada pelo marido depois de descobrir, por meio de uma carta anônima, que ele tinha um caso com uma mulher mais jovem. Lurdes é uma doméstica insatisfeita com seu trabalho, mas que assume com prazer o papel da opressora quando descobre que Graça é a autora da carta anônima que acabou com o casamento da patroa, e ameaça denunciá-la caso a babá não faça todo o serviço da casa por ela. Enquanto D. Carmen trata suas empregadas como seres invisíveis, Lurdes e Graça travam uma batalha que fatalmente chamará a atenção da patroa e levará seu lar à derradeira ruína.

AS DESGRAÇADAS estreou no dia 20 de agosto de 2011 no Teatro SESC Santos em apresentação única, esgotando os ingressos 3 dias antes de sua data de apresentação.
A peça fez temporada em São Paulo no SESC Consolação – Espaço Beta de 7 de novembro a 6 de dezembro/11, dentro do projeto Primeiro Sinal. E seguiu para apresentação única no SESC Bauru em fevereiro de 2012.
Em abril participou dos festivais FESTA – Festival Santista de Teatro e no Abril Pra Cena 2012– Festival de Teatro da cidade de Registro.
Teve sua reestreia paulista no teatro da Oficina Cultural Oswald de Andrade, onde cumpriu temporada durante o mês de maio/12, com ingressos gratuitos.
Em setembro se apresentou em regiões periféricas de SP através do PROART 2012 fazendo sessão única nos teatros do C.E.U. Jaçana, C.E.U. Campo Limpo, C.E.U. Aricanduva e C.E.U. Vila Atlântica.
De julho a agosto de 2013 realizou uma terceira temporada paulista no teatro da prefeitura Cacilda Becker.

 E ainda em 2013 representou o Brasil no 5º FESTLIP - Festival de Teatro da Língua Portuguesa, se apresentando no Rio de Janeiro.


sesc santos


sesc consolação



sesc bauru

Teatro da Oficina Cultural Oswald de Andrade



Teatro da prefeitura Cacilda Becker

teaser da temporada: 



 
COMO "AS CRIADAS" SE TORNARAM "AS DESGRAÇADAS" 


- Pela diretora, Beatriz Morelli: 


Em 2005 fizemos a primeira leitura da peça “As Criadas”, de Jean Genet, na cia Auroras. Mas a idéia de encenar este belo clássico me incomodava, ainda que não soubesse exatamente a razão. O desconforto surgia, talvez, da necessidade de aproximar o trabalho à minha paisagem de origem.
Cinco anos depois, o projeto renasceu na cia Auroras com uma nova tônica. O desejo de assumir a direção tornou-se minha meta, um desafio artístico.
Na cia Aurora, juntas, buscamos novas referências, como a adaptação do Zé Celso, “As Boas” (de1991) e propus ao Felipe a difícil tarefa de se inspirar na obra original e criar o nosso texto. Ao longo desse um ano e meio de processo de criação, trocamos intensamente os rascunhos cênicos, até finalmente nascer “As desgraçadas”.
Este é o primeiro trabalho teatral em que assino a direção, após oito anos trabalhando como atriz. Busquei desenvolver uma encenação limpa, em que cada gesto, adereço ou objeto cênico tem uma função clara.
A síntese é um elemento fundamental em “As desgraçadas”, presente tanto nos gestos e interpretações das atrizes, quanto nas composições estéticas. Era necessário criar um contrapondo com o texto melodramático desenvolvido pelo Felipe, onde o excesso já aparece contido em cada palavra.
A estréia dessa temporada no SESC CONSOLAÇÃO é o resultado de muito trabalho, entrega e persistência de cada artista envolvido neste projeto. Gostaria de agradecer às minhas queridas Auroras - Giu, Mari e Rita - pela cumplicidade, confiança e deliciosa aventura! Também ao Felipe, nosso querido dramaturgo “Dr. Alberto”! Obrigada ao Ding, meu amor, pelo feliz casamento entre as artes plásticas e as artes cênicas. Ao Bill, o melhor músico que eu poderia trabalhar do Brasil! Ao Pedro, parceiro de tantos projetos. À Mira, um presente da vida que bateu a minha porta; e meu muito obrigada, principalmente, ao público, por tornar este trabalho vivo.
 

- Pelo dramaturgo, Felipe Sant`Angelo:

Quando a Bia me telefonou em nome da Cia. Auroras, a proposta foi indecente: adaptar “As Criadas” de Jean Genet. Antes de aceitar, me perguntei por que não simplesmente montar esse excelente texto? Por que mexer em time que está ganhando?
Demorou um pouco até eu perceber que meu compromisso não deveria ser com “As Criadas” ou com Genet, mas sim com as artistas envolvidas no trabalho, e, principalmente, com o público, as pessoas, hoje. A partir daí, busquei o novo: nova situação, novas personagens, novas palavras, novos incômodos.
 Embora algumas referências ao texto original tenham permanecido a opção foi criar novas situações e personagens de modo a dialogar mais diretamente com nosso tempo e realidade.
Assim, ao invés de Claire e Solange, duas empregadas cúmplices que planejam envenenar sua patroa, a Madama, em crise pela prisão do marido, temos Graça e Lurdes, uma babá e uma doméstica, rivais, que guerreiam entre si enquanto a indiferente patroa, D. Carmen, sofre com seu bebê por ter sido trocada pelo marido, Dr. Alberto, por outra mulher mais jovem.
A opção de linguagem é trabalhar com o melodrama, presente no antagonismo exacerbado entre a “inocente” Graça, babá dedicada, e a “vilã” Lurdes, empregada chantagista que não hesita em assumir o papel de opressora.
O sofrimento amoroso da patroa D. Carmen também se apresenta de forma melodramática, e o encadeamento das ações do texto até o final mantém sempre o diálogo com essa linguagem de exagero e sentimento, tão presente no lar brasileiro através da telenovela.
A subversão dessa linguagem, no entanto, também se faz presente quando vão se revelando as camadas mais profundas das personagens, e através de um jogo perverso entre D. Carmen, Graça e Lurdes, no qual a patroa jamais estabelece um diálogo direto com as subordinadas, tratando-as como seres invisíveis ao conversar durante toda a peça somente com seu filho, um bebê dentro do seu carrinho.
Nesse universo que beira a insanidade é que se encadearão as ações dessa peça impressa na relação conturbada e falsamente cordial entre patroa e domésticas que vivem sob um mesmo teto, mas são separadas por um imenso abismo.
A estréia de “As Desgraçadas” no SESC CONSOLAÇÃO foi minha décima estréia como dramaturgo. De 2002 até aqui foram 10 trabalhos que vieram a público.
Inevitável refletir sobre motivações, desejos, ambições. E, nesse momento da vida, acredito que minha grande busca como artista seja a liberdade. Liberdade criativa, de ousar novos caminhos, de errar, de desagradar, de fazer rir, de emocionar, de investigar e revelar nossas sombras, de extrapolar gêneros e ultrapassar limites, sejam pessoais, sociais, ou, de preferência, ambos.

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